segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Lembranças de um dia inesperado




-Dorme, filha. Amanhã nós resolvemos isso.- Ela disse.

Para a sua mãe, o amanhã nunca poderia perturbar a noite presente. Uma noite de sonho era sagrada e o amanhã " a Deus pertence". Então, de acordo com os ensinamentos da mãe, ela dormiu tranquilamente. Sem anseios.

A noite foi como aquelas em que se esquece tudo o que sonhou, mas que estranhamente se tem certeza de que isso aconteceu. Já o dia lhe traria surpresas.

Arrumaram-se, tomaram café e seguiram a fim de solucionar o que a muito tempo deveria ser solucionado. Mas, apesar de horas na fila, mais uma vez a resposta foi " está faltando algo".

Bom, as duas, mãe e fila, certamente ficaram chateadas, mas não o suficiente para compartilharem suas inseguranças e  se sobrecarregarem mutuamente.

O caminho para casa foi longo, não por questões de distância, mas sim porque teriam que refazê-lo novamente.

Agora, escrevo para dizer que, mesmo com tudo solucionado, a alegria das duas foi conquistada depois, no longínquo caminho de volta para casa.

Elas ganharam doce de um senhor muito simpático, conversaram sobre a vida e riram quando o rosto de uma delas ficou todo lambuzado. Elas ganharam um dia, que poderia ter sido cinza mesmo com o céu azul, e não foi. Elas ganharam uma doce lembrança, daquelas que não se apaga, daquelas que não se destrói.

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