terça-feira, 31 de março de 2020

A realidade nunca esteve tão longe de si mesma

Talvez, nunca tenha sido tão difícil ficar em casa. Ele vindo de uma rotina quase sufocante. Rodeado pelo medo da não-sobrevivência e distante da escassa onda de si mesmo. Das ondas que batem na alma quando tudo parece estar no lugar certo e, sem explicar, o fazem sentir no paraíso de si mesmo. Há quanto tempo não foi ao lugar onde costumava encontrar a sombra reluzente da sua existência.

A onda que agora surgia era da rotina, da ansiedade de se estar correndo para um lugar-nenhum. Porque se todos correm, ele precisaria correr também, não é mesmo? 

Mas, agora precisa ficar em casa porque lá fora o que encontra é a não-vida. "O que fazer?", ele se pergunta toda hora. Já não sabe mais parar. Porque parar significa lidar com a sombra dos sonhos perdidos, renegados, esquecidos.

Parar é a ponte que o leva para a nuvem de sonhos que deixou dissipar e escorrer pelo caminho da sobrevivência. Caminho pelo qual corre todos os dias sem destino certo. 

Parar é lidar com a luzinha verde do Gatsby e descobrir que o sonho a cada dia já está longe demais.

Ele não quer parar. Mas, não tem escolha. É imperativo. "O que fazer agora?", ele pergunta. E, de frente para o espelho, se depara com quem foi um dia. E sua sombra reluzente responde: "Silêncio". 

A realidade nunca esteve tão longe de si mesma, mas a esperança e a paz nunca estiveram tão próximas dele. Só falta ele olhar na direção certa.

"Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus." Filipenses 4: 6-7

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Só tem Você aqui

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Faz mais de dois anos desde que postei o último texto. De lá para cá, só alguns rabiscos em folhas espaçadas e reflexões de bloco de notas. Acho que parei um pouco de poetizar a vida... Não pela falta de acontecimentos (porque foram muitos), mas acho que pela redescoberta de ser... Ou, talvez, pela fase dos 20. 

Só dois anos e tanta coisa mudou. Eu mudei. Senti pela primeira vez a perda de alguém que realmente amava, arrisquei-me nos meus abismos mais profundos, disse "não" pelas primeiras vezes quando me senti sufocada, entendi que existe fortaleza nas minhas fraquezas, doei-me mais quando pude e realmente quis, descobri a dádiva de fazer coisas simples, liderei uma turma sem saber o tom de voz correto, demonstrei as minhas fraquezas e descobri o quão empático isso pode ser, disse o que pensava e calei-me quando queria falar, não honrei os meus pais como deveria, tentei e tento ser uma filha melhor, abandonei o que amava por aquilo que acredito, tenho aprendido a amar. E é esse o ponto: tenho aprendido a amar.

Eu sempre achei que soubesse. Pensava que ser boazinha e só dizer "sim" para os favores pedidos me fazia amar. Mas, não é assim. Jesus tem me ensinado que não é assim. Eu O conheci e tenho O conhecido justamente nos Seus "nãos". E Ele mais do que ninguém no mundo me amou e me ama. 

Amar é sacrifício, é dizer "não" para si mesmo, é se doar sem esperar retornos. Amar é um ato de fé. E eu não sabia. Então, amava no raso do oceano, amava pela metade. Ainda não sei exatamente o que é isso porque Ele certamente ainda tem muito a me mostrar.

Só sei que Te amando, Jesus, só soube mergulhar, inundar-me na Tua simples complexidade. Não posso dizer que Te conheço completamente (na verdade, não sei quase nada), mas já fiz a escolha e dei o passo de fé. E só isso foi suficiente para o Nosso para sempre. E nesse para sempre quero aprender mais de Ti.

Agora, tenho só a sensação de que mesmo que eu olhe para os lados, perca-me no trajeto, atropele as palavras ao tentar falar de Ti, mesmo que caminhe no deserto da ignorância, veja beleza onde só há engano, ainda que não renove a minha mente na Tua palavra, ainda assim o Senhor será meu primeiro e último pensamento do dia. Ainda assim será o meu conselheiro principal, meu alívio mais profundo, meu raio de sol em dias de chuva, a minha rota mais segura. Ainda assim o Senhor será o meu "para onde ir". Porque, Jesus, quando eu fui, fui sem volta, deixei-me para trás. Só tem Você aqui.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Ao pirata com amor


Estava na casa do senhor minutos antes de soltar as nossas mãos... O caminho de volta para casa foi estranho... Tinha um gosto amargo. Coloquei uma música, mas nada coloriu... E eu nem sabia, vô, que o seu barco estava partindo.

Cheguei em casa. O mesmo gosto amargo, a mesma sensação de que algo estava fora do lugar. E, então, a notícia chegou, confirmando abruptamente o que eu sentira o dia inteiro.

Como foi difícil naquela hora... Senti-me naufragando no mar de lágrimas, vendo seu barquinho ir embora sem eu nem me despedir.

Meu vô, meu pirata, meu xará de aniversário, como será o 29 de maio sem nosso almoço de comemoração? Como será completar idade nova sem te ligar para te dar "parabéns" também? 


Vou sentir falta de cada detalhe: do seu cheirinho de alfazema, do seu abraço ligeiro cheio de ternura, da sua supervisão na hora do almoço, do seu sorriso, da sua voz... De tudo, tudo mesmo.

O seu rádio está lá no mesmo lugar de sempre. A cama ainda parece ter os seus contornos. A cadeira de balanço ainda parece balançar à sua maneira. E parece que nada vai preencher esses lugares. Porque não vai mesmo, vô. Nada vai ocupar o espaço que é só seu.

Ainda estou submersa. Todos nós estamos. E não vejo nada no horizonte. Mas, sei que foi desbravar novos lugares, novos mares. E a caminhada do lado de cá tem que continuar.

Vô, só espero ter sido uma boa neta porque o senhor foi o melhor avô que eu poderia ter. Eu amo cada detalhe seu. Eu te amo e te amarei eternamente. E nunca conjugarei esse verbo no passado, pois o senhor faz parte do meu presente e do meu futuro, mesmo que seu barquinho já esteja longe do meu cais.

domingo, 30 de julho de 2017

Livre espírito



Sentindo abraços,
Formando laços
Emaranhados.

Vivendo leve, 
Derretendo a neve
Que trava, 
Mata.

Sendo flores,
Amores.
Sendo tudo...
E mais.
Sendo humanamente capaz.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Curvados


Eles simplesmente voam. O vento os guiam e, por isso, cada novo dia é só um.

Enquanto nós, sempre complicados demais, vivemos curvados pelo peso dos dias sofrendo pelo que ainda nem chegou e que, talvez, nem chegue.

E, por mais que tentássemos ser como os pássaros, julgaríamos uns aos outros por vivermos mais leves, sem a culpa de não conseguirmos ser os donos do mundo.

quinta-feira, 17 de março de 2016

De um ser inconsciente


Saudade é viver no passado.
É ver os dias passando e não se sentir parte deles.
É reviver momentos felizes derramando lágrimas.
É chorar sem motivo aparente.
É sentir o coração apertado.
É estar inconsciente.

Saudade é naufragar em prantos constantes.
É deixar cair as lágrimas no teclado... Como agora acontece.

Neste exato momento, um coração nostálgico molha teclas deixando suas marcas na eternidade.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Meu "muito obrigada"

Gosto de ser outras pessoas, de agir como elas, de sentir o que elas sentem. Não sei quando isso começou, só sei que foi involuntário, de repente.
O palco virou minha casa, onde realmente me sinto viva. Lá, o coração pulsa em um ritmo quase insustentável e, então, tudo é expulso em forma de risos e lágrimas.
Lá, tudo faz mais sentido e, é estranho afirmar isso, já que não sou eu quem está lá. É outra vida, outro ser, outro alguém.
Tudo não não passa de uma representação que serve de descanso para a minha verdadeira vida, a qual exige coisas que não fazem meu coração bater mais forte e senti r a vida essencialmente.
P.S.: Se um dia alguém falou algo relevante, este alguém foi Nietzsche, quando afirmou que "A arte existe para que a verdade não nos destrua". Meu " muito obrigada", Teatro, por não deixar que eu fosse destruída.