segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Alegria alada



Um fluxo de pensamentos e pesadelos enevoando a tarefa diária. E, então, ela apareceu, posou de flor em flor enchendo de alegria o jardim deserto.

De um amarelo solar, eram feitas as suas asas. Mas, seu voo era o que mais impactava, hipnotizava. Fazendo brotar sorrisos e dissipar o medo que, antes, pairava.

De alegria, era feita sua vida. Produto de uma natureza que tudo suporta, tudo cura, tudo ilumina.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Camuflagem








Vivemos rodeados por luzes, telas e sons. Não, necessariamente, sons da vida, mas sim mecânicos, eletrônicos.


Buzinas, sirenes, vozes televisivas, caixas de som, tudo isso criamos para nos rodear a cada minuto.

Então, fico me perguntando se nosso principal objetivo não seria camuflar os nossos pensamentos. Fico me perguntando se o verdadeiro mal do século não seria o medo do silêncio.

Ele se faz mais escasso a cada dia, seja pelas nossas criações, seja pela nossa necessidade de falar.

Agora, é mais difícil encontrar pessoas que nos escutem, como também é complicado achar lugares silenciosos.

Estamos camuflando o silêncio e, junto com ele, a oportunidade de sermos mais serenos.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Mundos



 Já parou para pensar em como a Terra é única? Em como tudo que sustenta as formas de vida conhecidas, aparentemente, só existe aqui? Em como todas as coisas desse planeta se completam perfeitamente? E, em como você é único por habitar a sua maneira um mundo singular?

Você é a combinação perfeita do que deveria ser. Nada em você deveria ser diferente porque, afinal de contas, não seria você. 

Você é um mundo que completa um outro mundo maior, material. Mas, por que sou um mundo? Deve estar se perguntando. E, bom, acho que a resposta é "porque você vivencia todas as coisas da sua forma". A felicidade para alguém, menina dos olhos de todos nós, por exemplo, pode ser estar no meio de uma multidão entoando canções e mais canções, mas para o seu mundo, talvez, ela seja ver o céu da janela do carro sentindo o vento emaranhando seu cabelo. 

E as duas formas são necessárias, importantes. Elas preenchem esse grande quebra-cabeça conhecido como vida.

A conclusão? Pois bem, vamos a ela. Por fim, só quero que entenda a bobagem de tentar ser uma pessoa diferente, de tentar viver nas energias de outros mundos, de tentar abandonar seu próprio universo só para "ser aceito". 

Não precisamos de mais "essências normalizadas", mas sim de seu eu mais puro,
verdadeiro. Ele é que completa o quebra-cabeça. É ele que faz tudo em volta valer a pena.


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Lembranças de um dia inesperado




-Dorme, filha. Amanhã nós resolvemos isso.- Ela disse.

Para a sua mãe, o amanhã nunca poderia perturbar a noite presente. Uma noite de sonho era sagrada e o amanhã " a Deus pertence". Então, de acordo com os ensinamentos da mãe, ela dormiu tranquilamente. Sem anseios.

A noite foi como aquelas em que se esquece tudo o que sonhou, mas que estranhamente se tem certeza de que isso aconteceu. Já o dia lhe traria surpresas.

Arrumaram-se, tomaram café e seguiram a fim de solucionar o que a muito tempo deveria ser solucionado. Mas, apesar de horas na fila, mais uma vez a resposta foi " está faltando algo".

Bom, as duas, mãe e fila, certamente ficaram chateadas, mas não o suficiente para compartilharem suas inseguranças e  se sobrecarregarem mutuamente.

O caminho para casa foi longo, não por questões de distância, mas sim porque teriam que refazê-lo novamente.

Agora, escrevo para dizer que, mesmo com tudo solucionado, a alegria das duas foi conquistada depois, no longínquo caminho de volta para casa.

Elas ganharam doce de um senhor muito simpático, conversaram sobre a vida e riram quando o rosto de uma delas ficou todo lambuzado. Elas ganharam um dia, que poderia ter sido cinza mesmo com o céu azul, e não foi. Elas ganharam uma doce lembrança, daquelas que não se apaga, daquelas que não se destrói.